A Dimensão Económica e Social da Grande Depressão
O crash da bolsa desencadeou um efeito dominó devastador na economia real. As empresas, especialmente as que já tinham uma situação financeira frágil, começaram a falir em massa. Este colapso deveu-se a dois fatores principais: a retirada dos acionistas e as severas restrições de crédito impostas pelos bancos sobreviventes.
A crise financeira rapidamente se transformou numa crise económica e social. O desemprego atingiu níveis catastróficos, chegando a mais de 12 milhões de pessoas em 1933 nos EUA. Com tantas pessoas sem rendimentos, a procura por bens e serviços desmoronou, forçando as empresas a reduzir ainda mais a produção e os preços.
Esta contração da procura e as dificuldades da indústria afetaram gravemente o setor agrícola. Numa tentativa desesperada de manter os preços, assistiu-se à destruição de excedentes agrícolas e ao abate de gado, enquanto milhões de pessoas passavam fome.
O impacto social foi devastador. Famílias inteiras caíram na miséria, os salários sofreram cortes drásticos, e homens desesperados aceitavam qualquer trabalho, independentemente das condições ou da remuneração. Sem sistemas de segurança social, formavam-se filas intermináveis para receber refeições gratuitas oferecidas por instituições de caridade.
A crise iniciada nos EUA rapidamente se mundializou, afetando primeiro as economias mais dependentes dos americanos: os países fornecedores de matérias-primas da América Latina e os países europeus cuja reconstrução pós-guerra dependia dos empréstimos americanos, como a Áustria e a Alemanha.
A inflação do pós-guerra deu lugar a uma deflação generalizada, caracterizada pela diminuição do investimento e da produção, pela queda da procura e dos preços. As autoridades políticas, sem compreenderem a verdadeira dimensão da crise, tomaram medidas que só agravaram a situação, como o aumento das taxas sobre importações nos EUA de 26% para 50% em 1930, provocando o declínio do comércio mundial.