A Perpetuação do Regime e o Crescimento da Oposição
O regime salazarista perpetuou-se no poder por várias razões: fingia-se democrático, tinha o apoio das elites sociais (burguesia endinheirada, clero católico e forças armadas), e beneficiou do clima de Guerra Fria. Como Salazar era claramente anticomunista, servia perfeitamente os propósitos das democracias ocidentais - tanto que Portugal foi membro fundador da NATO em 1949.
Um novo momento de forte oposição ao regime surgiu em 1949, com as eleições presidenciais e a candidatura do general Norton de Matos. Esta candidatura, que reivindicava uma clara alteração do regime, foi severamente reprimida, levando Norton de Matos a desistir.
Em 1958, a candidatura de Humberto Delgado às eleições presidenciais gerou enorme entusiasmo nacional. Conhecido como o "General Sem Medo", Delgado afirmou que, caso fosse eleito, demitiria Salazar do cargo de Presidente do Conselho de Ministros.
💡 A afirmação de Humberto Delgado de que, se eleito, demitiria Salazar "obviamente" tornou-se um símbolo da luta contra o regime e mostrou que a oposição estava disposta a enfrentar diretamente o ditador.
Apesar do amplo apoio popular, Humberto Delgado perdeu oficialmente as eleições para o candidato do regime, Américo Tomás, através de fraudes eleitorais. Delgado nunca reconheceu estes resultados e, ameaçado de prisão, fugiu para o Brasil, de onde continuou a lutar contra o regime.
Entre 1959 e 1962, verificou-se um fortalecimento da oposição, incluindo críticas do Bispo do Porto, tentativas de golpes para derrubar o regime, e o apresamento do navio Santa Maria por Henrique Galvão, um ato que o regime considerou pirataria mas que foi visto internacionalmente como protesto político.