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1 de dez. de 2025

1.259

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Sermão de Santo António: Resumo Parte 11

M

Maria Beatriz @mariabeat_ikjis

O Sermão de Santo António aos Peixes é uma obra-prima da retórica barroca portuguesa, escrita pelo Padre António... Mostrar mais

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Estrutura e Tema do Sermão

O Sermão de Santo António aos Peixes é uma alegoria onde os peixes personificam os homens. Padre António Vieira parte de uma frase bíblica estrategicamente escolhida para criticar as condições políticas e sociais da sua época.

A estrutura do sermão segue a retórica clássica com três partes fundamentais o exórdio (introdução), a exposição e confirmação (desenvolvimento) e a peroração (conclusão). No exórdio, Vieira apresenta o conceito predicável "Vós sois o sal da terra" para estabelecer uma dicotomia essencial

  • Os pregadores são comparados ao sal que deve conservar e evitar a corrupção
  • A mensagem evangélica deve servir para louvar o bem e impedir o mal

O problema central é apresentado através de uma questão por que está a terra corrompida? Vieira oferece duas explicações

  1. Ou o sal (pregadores) não salga
  2. Ou a terra (ouvintes) não se deixa salgar

⚠️ A crítica de Vieira tem um alvo concreto o tratamento dado aos indígenas no Brasil. Como ele próprio denunciou, em menos de quarenta anos, os portugueses haviam consumido "mais de dois milhões de Índios e mais de quatrocentas povoações".

Quando os pregadores falham, a solução proposta por Cristo é "lançá-los fora como inúteis". Vieira, seguindo o exemplo de Santo António, propõe mudar de público "Já que não me querem ouvir os homens, ouçam-me os peixes".

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

O Exórdio e a Crítica Social

O exórdio do sermão é construído com engenhosa rede de jogos de palavras e recursos retóricos para captar a atenção do auditório. Vieira alterna entre

  • Conjunções coordenativas ("ou", "mas") para explorar as causas da corrupção
  • Interrogações retóricas para provocar reflexão "Qual pode ser a causa desta corrupção?"
  • Interjeições e exclamações para tocar o coração dos ouvintes

Para legitimar seus argumentos, o pregador recorre a citações evangélicas e à figura de Santo António como autoridade. A repetição sistemática de certas palavras não revela pobreza vocabular, mas sim a intenção de enfatizar ideias-chave sobre as culpas dos pregadores.

Vieira assume o papel de narrador e conta como Santo António, na cidade de Rimini, ao ser ignorado pelos homens, decidiu pregar aos peixes na foz do rio Marecchia. Identificando-se com esta situação, Vieira afirma

"Nas festas dos Santos, é melhor pregar como eles que pregar deles."

Com ironia mordaz, ele convida quem não quer ouvir a verdade a abandonar o sermão, "pois não é para eles". O exórdio termina com uma invocação a Maria, "Senhora do mar", preparando o terreno para a crítica social que se seguirá.

Esta estratégia permite a Vieira criticar os colonos do Maranhão sem confrontá-los diretamente - uma técnica retórica brilhante para transmitir uma mensagem controversa num contexto político delicado.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Louvores aos Peixes

No capítulo II, Vieira começa a desenvolver sua alegoria, elogiando inicialmente os peixes por possuírem "duas boas qualidades de ouvintes ouvem e não falam" – uma ironia que já sugere que os homens falam muito e ouvem pouco.

O pregador estabelece um paralelismo fundamental entre as propriedades do sal e do sermão

  • Sal "conservar o são e preservá-lo, para que se não corrompa"
  • Sermão louvar o bem (para que permaneça) e repreender o mal (para que desapareça)

O sermão divide-se então em duas partes principais

  1. Louvar os peixes em geral e em particular
  2. Repreender os peixes em geral e em particular

As virtudes gerais dos peixes incluem

  • Foram os primeiros animais criados por Deus
  • São ordeiros, tranquilos e atentos (ao contrário dos homens "furiosos e obstinados")
  • Não se deixam domesticar nem domar, mantendo-se afastados dos homens "Quanto mais longe dos homens, tanto melhor"

No capítulo III, Vieira passa aos louvores particulares, destacando quatro peixes exemplares

  1. O Peixe de Tobias simboliza o poder purificador da palavra divina, capaz de curar a cegueira e expulsar os demónios. Vieira compara-o a Santo António e a si mesmo, sugerindo que ambos possuem o poder de afastar o mal.

💡 Esta comparação serve para introduzir uma crítica direta os homens fogem dos pregadores com medo de serem "comidos" pela verdade, especialmente no que toca à exploração dos índios.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Exemplos de Virtude e Poder

  1. A Rémora pequeno peixe com força impressionante, capaz de deter navios em movimento. Simboliza o poder da palavra divina como "freio da Nau e leme do leme". Vieira lamenta a ausência deste poder de contenção na sociedade

"Oh! Se houvera uma Rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!"

Ele compara a língua de Santo António a esta força, capaz de refrear os excessos da vontade humana, funcionando como guia moral.

  1. O Torpedo peixe que gera eletricidade e faz tremer a mão de quem o pesca. Representa o poder da palavra do pregador de fazer "tremer" os pecadores. Vieira constrói uma antítese provocadora "Tanto pescar e tão pouco tremer?"

Com uma gradação engenhosa, compara os instrumentos de pesca no mar (simples canas) com os da terra (varas, ginetas, bengalas, bastões, cetros) - uma clara crítica aos diferentes níveis de poder e autoridade que "pescam" na sociedade.

Conta então como Santo António, em seus sermões, fez "tremer" vinte e dois pescadores da terra que, arrependidos, confessaram seus furtos e restituíram o que haviam roubado. A repetição do verbo "tremer" intensifica a ideia de conversão profunda.

  1. O Quatro-Olhos peixe brasileiro com quatro olhos - dois virados para cima (proteção contra aves) e dois para baixo (defesa contra outros peixes). Simboliza a capacidade de discernir o bem do mal, olhando simultaneamente para o céu e para o inferno.

⚠️ Vieira lamenta que no mar exista um peixe com tantos instrumentos de visão enquanto na terra muitos homens sofrem de cegueira metafórica, recusando-se a ver seus próprios erros.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Repreensões Gerais aos Peixes

Após os louvores, Vieira passa às repreensões, começando pelas falhas gerais dos peixes

A Ictiofagia

A primeira crítica é contra a ictiofagia - o fato de os peixes se comerem uns aos outros "A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros".

Com habilidade retórica, Vieira passa da ictiofagia à antropofagia social "Muito mais se comem os Brancos!" Aqui, refere-se aos portugueses enviados para o Brasil que, em vez de governar e desenvolver o Estado

  • "Fartaram/fartavam a fome" que traziam de Portugal
  • "Comiam e devoravam" os naturais do Brasil

Quando retornavam a Portugal, eram por sua vez "devorados" por outros portugueses mais poderosos. Vieira adverte "Guarde-se o peixe que persegue o mais fraco para o comer, não se ache na boca do mais forte, que o engula a ele."

Como remédio contra esta cadeia de exploração, o pregador aconselha o zelo pelo bem comum - deixarem de se devorar mutuamente.

Cegueira e Vaidade

A segunda repreensão dirige-se à ignorância e cegueira dos peixes que se deixam atrair por um simples retalho de pano no anzol

"Embuisteados por um retalho de pano, os peixes morrem e os homens matam-se."

Esta é uma crítica direta aos colonos que se endividavam para comprar tecidos de baixa qualidade vindos de Portugal a preços exorbitantes, dominados pela vaidade.

Em sua crítica, Vieira condena

  • A prepotência dos poderosos
  • A ambição desmedida
  • A vaidade superficial
  • A hipocrisia e traição dos homens
Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Repreensões Particulares

No capítulo V, Vieira analisa quatro tipos específicos de peixes que simbolizam vícios humanos

Os Roncadores

Estes peixes produzem um ruído característico que, metaforicamente, representa a arrogância e ostentação humanas. Vieira ilustra este vício com dois exemplos bíblicos poderosos

ExemploO que diziamO que fizeramLição
São PedroJurou que seria constante até morrerNegou Cristo ao ouvir uma mulher"O muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela"
GoliasEra "a ronca dos Filisteus"Foi derrotado por um pastorzinho"Os arrogantes e soberbos tomam-se com Deus; sempre fica debaixo"

O que torna os homens roncadores? Segundo Vieira, o saber e o poder. Ele cita exemplos bíblicos

  • Caifás roncava de saber "Vós não sabeis coisa alguma"
  • Pilatos roncava de poder "Não sabes que tenho poder?"

Em contraste, Santo António, apesar de possuir conhecimento e poder, permanecia humilde. Vieira conclui com um paralelismo antitético "E porque tanto calou, por isso deu tamanho brado."

Os Pegadores

Peixes pequenos que se agarram aos maiores para sobreviver - uma metáfora perfeita para os parasitas sociais. Vieira faz uma analogia direta com a administração colonial

"Não parte vice-rei ou governador para as Conquistas, que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhe matem a fome, de que lá não tinham remédio."

💡 Este vício, segundo Vieira, estendeu-se dos portugueses aos próprios peixes - a ronha (malícia, astúcia) tornou-se um modo de vida. Para ele, ser dependente é demonstração de ignorância.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Os Voadores e o Polvo

Os Voadores

Peixes que usam barbatanas como asas para voar, simbolizando a ambição desmedida. Vieira demonstra como esta pretensão de ultrapassar os limites naturais expõe o peixe a perigos dobrados

  • Em vez de correr apenas os riscos de um peixe
  • Corre também os riscos das aves
  • Resultando numa vida mais curta

Vieira cita o exemplo negativo de Simão Mago, que quis voar mas caiu e partiu os pés, ficando impossibilitado de "voar nem andar". Em contraste, Santo António é apresentado como exemplo positivo "Oh alma de António, que só vós tivestes asas e voastes sem perigo, porque soubestes voar para baixo e não para cima!"

A lição é clara "Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem."

O Polvo

O último peixe criticado é o polvo, considerado pelos Doutores da Igreja "o maior traidor do mar". Vieira descreve-o com detalhes simbólicos

CaracterísticaComparaçãoReal significado
CapeloParece mongeFalsa religiosidade
RaiosSemelhante a estrelaFalsa orientação
Ausência de ossosAparenta brandura/mansidãoFalsidade de caráter

O polvo muda de cor conforme o ambiente

  • Verde entre limos
  • Branco na areia
  • Pardo no lodo
  • Cor de pedra sobre pedras

Esta capacidade de camaleão simboliza a hipocrisia e o engano - vícios que Vieira condena severamente. Mais uma vez, Santo António é apresentado como antítese perfeita "ponde os olhos em António, vosso pregador, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano".

A crítica ao polvo é a mais implacável, pois a hipocrisia era, para Vieira, um dos piores vícios humanos.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

A Crítica Social através da Alegoria

A alegoria dos peixes permite a Vieira construir um quadro completo dos vícios sociais do Maranhão colonial. Cada peixe criticado representa um tipo humano claramente identificável

Os roncadores representam os poderosos, orgulhosos e soberbos que fazem alarde de sua posição.

Os pegadores simbolizam os parasitas sociais, aduladores e oportunistas que vivem à custa dos poderosos.

Os voadores encarnam os ambiciosos e presunçosos que aspiram a posições além de suas capacidades.

O polvo personifica os traidores, hipócritas e falsos que mudam conforme as circunstâncias.

A cada vício, Vieira contrapõe as virtudes de Santo António, criando um poderoso contraste

Vício dos peixesVirtude de Santo António
Orgulho e soberbaHumildade calou-se apesar de seu saber e poder
ParasitismoIndependência pegou-se apenas a Cristo, tornando-se imortal
Ambição desmedidaPrudência não usou suas "asas" (sabedoria natural e sobrenatural) por ambição
HipocrisiaTransparência foi exemplo de candura, sinceridade e verdade

💡 Esta estrutura de contrastes permite a Vieira criticar os vícios coloniais enquanto oferece um modelo de virtude a ser seguido.

A maestria retórica de Vieira está em conseguir construir uma crítica social devastadora através de uma alegoria aparentemente inofensiva. Ao falar dos peixes, ele está, na verdade, apontando diretamente para os comportamentos dos colonos e administradores portugueses no Maranhão.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

A Conclusão do Sermão

Na peroração (capítulo VI), Vieira retoma o conceito inicial dos pregadores como "sal da terra", usando-se a si próprio como exemplo de quem não está cumprendo adequadamente sua função. Ele estabelece um paralelo entre três elementos

Animais/sacrifíciosPeixesHomens
Escolhidos para sacrifíciosNão escolhidos para sacrifícios-
Podiam ir vivosSó poderiam ir mortosChegam "mortos" ao altar por estarem em pecado mortal
Oferecem a Deus sangue e vidaOferecem a Deus respeito e obediênciaDeus não os quer em estado de pecado

Vieira faz uma observação surpreendente a irracionalidade e o instinto dos peixes são melhores que a racionalidade, o livre arbítrio e o entendimento do homem. Esta inversão paradoxal reforça sua crítica à sociedade.

O sermão conclui com um apelo aos ouvintes e um louvor a Deus, num tom mais familiar que restabelece a proximidade entre orador e público.

Os recursos estilísticos do sermão refletem a estética barroca

Léxico

  • Jogos de palavras e trocadilhos
  • Construções simétricas, paralelismos e enumerações
  • Conectores frásicos e discursivos (conclusivos, causais, condicionais)
  • Frases interrogativas e exclamativas expressivas

Figuras de estilo

  • Semânticas antítese, apóstrofe, metáfora, comparação
  • Sintáticas anástrofe, hipérbato, polissíndeto, interrogação retórica

Todos estes recursos visam os três objetivos fundamentais da oratória barroca docere (ensinar), delectare (agradar) e movere (persuadir).

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
homens. Padre António

Estrutura e Síntese do Sermão

O Sermão de Santo António aos Peixes apresenta uma estrutura rigorosamente organizada, típica da retórica barroca

Estrutura Interna

Exórdio (Capítulo I)

  • Apresentação do tema a partir do conceito predicável "Vós sois o sal da terra"
  • Panegírico a Santo António como modelo de pregador
  • Invocação à Virgem Maria

Exposição/Confirmação (Capítulos II a V)

  • Capítulo II Louvores aos peixes em geral - suas qualidades naturais e comportamentais
  • Capítulo III Louvores particulares - peixe de Tobias, rémora, torpedo e quatro-olhos
  • Capítulo IV Repreensões gerais - ictiofagia, ignorância, cegueira e vaidade
  • Capítulo V Repreensões particulares - roncadores, pegadores, voadores e polvo

Peroração (Capítulo VI)

  • Síntese dos argumentos apresentados
  • Apelo final aos ouvintes
  • Louvor a Deus

💡 Esta estrutura corresponde perfeitamente ao esquema clássico do texto argumentativo introdução (apresentação da tese), desenvolvimento (argumentos) e conclusão (síntese e reafirmação da tese).

O sermão como alegoria funciona em múltiplos níveis

  • Os peixes representam os homens
  • As virtudes dos peixes contrastam com os vícios humanos
  • Os vícios dos peixes espelham diretamente os vícios da sociedade colonial
  • Santo António surge como contraponto exemplar a todos os vícios apresentados

A genialidade de Vieira está em construir uma crítica devastadora à sociedade colonial portuguesa no Maranhão através de uma aparentemente simples pregação sobre peixes. Cada exemplo, cada comparação e cada contraste serve ao propósito maior de denunciar a exploração, a hipocrisia e a injustiça praticadas contra os povos indígenas.

O sermão permanece como exemplo máximo da retórica portuguesa e documento histórico que revela as tensões sociais e morais do Brasil colonial do século XVII.

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  1. Ou o sal (pregadores) não salga
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Louvores aos Peixes

No capítulo II, Vieira começa a desenvolver sua alegoria, elogiando inicialmente os peixes por possuírem "duas boas qualidades de ouvintes: ouvem e não falam" – uma ironia que já sugere que os homens falam muito e ouvem pouco.

O pregador estabelece um paralelismo fundamental entre as propriedades do sal e do sermão:

  • Sal: "conservar o são e preservá-lo, para que se não corrompa"
  • Sermão: louvar o bem (para que permaneça) e repreender o mal (para que desapareça)

O sermão divide-se então em duas partes principais:

  1. Louvar os peixes em geral e em particular
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As virtudes gerais dos peixes incluem:

  • Foram os primeiros animais criados por Deus
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No capítulo III, Vieira passa aos louvores particulares, destacando quatro peixes exemplares:

  1. O Peixe de Tobias: simboliza o poder purificador da palavra divina, capaz de curar a cegueira e expulsar os demónios. Vieira compara-o a Santo António e a si mesmo, sugerindo que ambos possuem o poder de afastar o mal.

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Exemplos de Virtude e Poder

  1. A Rémora: pequeno peixe com força impressionante, capaz de deter navios em movimento. Simboliza o poder da palavra divina como "freio da Nau e leme do leme". Vieira lamenta a ausência deste poder de contenção na sociedade:

"Oh! Se houvera uma Rémora na terra, que tivesse tanta força como a do mar, que menos perigos haveria na vida, e que menos naufrágios no mundo!"

Ele compara a língua de Santo António a esta força, capaz de refrear os excessos da vontade humana, funcionando como guia moral.

  1. O Torpedo: peixe que gera eletricidade e faz tremer a mão de quem o pesca. Representa o poder da palavra do pregador de fazer "tremer" os pecadores. Vieira constrói uma antítese provocadora: "Tanto pescar e tão pouco tremer?"

Com uma gradação engenhosa, compara os instrumentos de pesca no mar (simples canas) com os da terra (varas, ginetas, bengalas, bastões, cetros) - uma clara crítica aos diferentes níveis de poder e autoridade que "pescam" na sociedade.

Conta então como Santo António, em seus sermões, fez "tremer" vinte e dois pescadores da terra que, arrependidos, confessaram seus furtos e restituíram o que haviam roubado. A repetição do verbo "tremer" intensifica a ideia de conversão profunda.

  1. O Quatro-Olhos: peixe brasileiro com quatro olhos - dois virados para cima (proteção contra aves) e dois para baixo (defesa contra outros peixes). Simboliza a capacidade de discernir o bem do mal, olhando simultaneamente para o céu e para o inferno.

⚠️ Vieira lamenta que no mar exista um peixe com tantos instrumentos de visão enquanto na terra muitos homens sofrem de cegueira metafórica, recusando-se a ver seus próprios erros.

Sermão de Santo António
O Sermão de Santo António é uma alegoria, na medida em que os peixes são a personificação dos
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Repreensões Gerais aos Peixes

Após os louvores, Vieira passa às repreensões, começando pelas falhas gerais dos peixes:

A Ictiofagia

A primeira crítica é contra a ictiofagia - o fato de os peixes se comerem uns aos outros: "A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros".

Com habilidade retórica, Vieira passa da ictiofagia à antropofagia social: "Muito mais se comem os Brancos!" Aqui, refere-se aos portugueses enviados para o Brasil que, em vez de governar e desenvolver o Estado:

  • "Fartaram/fartavam a fome" que traziam de Portugal
  • "Comiam e devoravam" os naturais do Brasil

Quando retornavam a Portugal, eram por sua vez "devorados" por outros portugueses mais poderosos. Vieira adverte: "Guarde-se o peixe que persegue o mais fraco para o comer, não se ache na boca do mais forte, que o engula a ele."

Como remédio contra esta cadeia de exploração, o pregador aconselha o zelo pelo bem comum - deixarem de se devorar mutuamente.

Cegueira e Vaidade

A segunda repreensão dirige-se à ignorância e cegueira dos peixes que se deixam atrair por um simples retalho de pano no anzol:

"Embuisteados por um retalho de pano, os peixes morrem e os homens matam-se."

Esta é uma crítica direta aos colonos que se endividavam para comprar tecidos de baixa qualidade vindos de Portugal a preços exorbitantes, dominados pela vaidade.

Em sua crítica, Vieira condena:

  • A prepotência dos poderosos
  • A ambição desmedida
  • A vaidade superficial
  • A hipocrisia e traição dos homens
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Repreensões Particulares

No capítulo V, Vieira analisa quatro tipos específicos de peixes que simbolizam vícios humanos:

Os Roncadores

Estes peixes produzem um ruído característico que, metaforicamente, representa a arrogância e ostentação humanas. Vieira ilustra este vício com dois exemplos bíblicos poderosos:

ExemploO que diziamO que fizeramLição
São PedroJurou que seria constante até morrerNegou Cristo ao ouvir uma mulher"O muito roncar antes da ocasião, é sinal de dormir nela"
GoliasEra "a ronca dos Filisteus"Foi derrotado por um pastorzinho"Os arrogantes e soberbos tomam-se com Deus; sempre fica debaixo"

O que torna os homens roncadores? Segundo Vieira, o saber e o poder. Ele cita exemplos bíblicos:

  • Caifás roncava de saber: "Vós não sabeis coisa alguma"
  • Pilatos roncava de poder: "Não sabes que tenho poder?"

Em contraste, Santo António, apesar de possuir conhecimento e poder, permanecia humilde. Vieira conclui com um paralelismo antitético: "E porque tanto calou, por isso deu tamanho brado."

Os Pegadores

Peixes pequenos que se agarram aos maiores para sobreviver - uma metáfora perfeita para os parasitas sociais. Vieira faz uma analogia direta com a administração colonial:

"Não parte vice-rei ou governador para as Conquistas, que não vá rodeado de pegadores, os quais se arrimam a eles, para que cá lhe matem a fome, de que lá não tinham remédio."

💡 Este vício, segundo Vieira, estendeu-se dos portugueses aos próprios peixes - a ronha (malícia, astúcia) tornou-se um modo de vida. Para ele, ser dependente é demonstração de ignorância.

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Os Voadores e o Polvo

Os Voadores

Peixes que usam barbatanas como asas para voar, simbolizando a ambição desmedida. Vieira demonstra como esta pretensão de ultrapassar os limites naturais expõe o peixe a perigos dobrados:

  • Em vez de correr apenas os riscos de um peixe
  • Corre também os riscos das aves
  • Resultando numa vida mais curta

Vieira cita o exemplo negativo de Simão Mago, que quis voar mas caiu e partiu os pés, ficando impossibilitado de "voar nem andar". Em contraste, Santo António é apresentado como exemplo positivo: "Oh alma de António, que só vós tivestes asas e voastes sem perigo, porque soubestes voar para baixo e não para cima!"

A lição é clara: "Quem quer mais do que lhe convém, perde o que quer e o que tem."

O Polvo

O último peixe criticado é o polvo, considerado pelos Doutores da Igreja "o maior traidor do mar". Vieira descreve-o com detalhes simbólicos:

CaracterísticaComparaçãoReal significado
CapeloParece mongeFalsa religiosidade
RaiosSemelhante a estrelaFalsa orientação
Ausência de ossosAparenta brandura/mansidãoFalsidade de caráter

O polvo muda de cor conforme o ambiente:

  • Verde entre limos
  • Branco na areia
  • Pardo no lodo
  • Cor de pedra sobre pedras

Esta capacidade de camaleão simboliza a hipocrisia e o engano - vícios que Vieira condena severamente. Mais uma vez, Santo António é apresentado como antítese perfeita: "ponde os olhos em António, vosso pregador, onde nunca houve dolo, fingimento ou engano".

A crítica ao polvo é a mais implacável, pois a hipocrisia era, para Vieira, um dos piores vícios humanos.

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A Crítica Social através da Alegoria

A alegoria dos peixes permite a Vieira construir um quadro completo dos vícios sociais do Maranhão colonial. Cada peixe criticado representa um tipo humano claramente identificável:

Os roncadores: representam os poderosos, orgulhosos e soberbos que fazem alarde de sua posição.

Os pegadores: simbolizam os parasitas sociais, aduladores e oportunistas que vivem à custa dos poderosos.

Os voadores: encarnam os ambiciosos e presunçosos que aspiram a posições além de suas capacidades.

O polvo: personifica os traidores, hipócritas e falsos que mudam conforme as circunstâncias.

A cada vício, Vieira contrapõe as virtudes de Santo António, criando um poderoso contraste:

Vício dos peixesVirtude de Santo António
Orgulho e soberbaHumildade: calou-se apesar de seu saber e poder
ParasitismoIndependência: pegou-se apenas a Cristo, tornando-se imortal
Ambição desmedidaPrudência: não usou suas "asas" (sabedoria natural e sobrenatural) por ambição
HipocrisiaTransparência: foi exemplo de candura, sinceridade e verdade

💡 Esta estrutura de contrastes permite a Vieira criticar os vícios coloniais enquanto oferece um modelo de virtude a ser seguido.

A maestria retórica de Vieira está em conseguir construir uma crítica social devastadora através de uma alegoria aparentemente inofensiva. Ao falar dos peixes, ele está, na verdade, apontando diretamente para os comportamentos dos colonos e administradores portugueses no Maranhão.

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A Conclusão do Sermão

Na peroração (capítulo VI), Vieira retoma o conceito inicial dos pregadores como "sal da terra", usando-se a si próprio como exemplo de quem não está cumprendo adequadamente sua função. Ele estabelece um paralelo entre três elementos:

Animais/sacrifíciosPeixesHomens
Escolhidos para sacrifíciosNão escolhidos para sacrifícios-
Podiam ir vivosSó poderiam ir mortosChegam "mortos" ao altar por estarem em pecado mortal
Oferecem a Deus sangue e vidaOferecem a Deus respeito e obediênciaDeus não os quer em estado de pecado

Vieira faz uma observação surpreendente: a irracionalidade e o instinto dos peixes são melhores que a racionalidade, o livre arbítrio e o entendimento do homem. Esta inversão paradoxal reforça sua crítica à sociedade.

O sermão conclui com um apelo aos ouvintes e um louvor a Deus, num tom mais familiar que restabelece a proximidade entre orador e público.

Os recursos estilísticos do sermão refletem a estética barroca:

Léxico:

  • Jogos de palavras e trocadilhos
  • Construções simétricas, paralelismos e enumerações
  • Conectores frásicos e discursivos (conclusivos, causais, condicionais)
  • Frases interrogativas e exclamativas expressivas

Figuras de estilo:

  • Semânticas: antítese, apóstrofe, metáfora, comparação
  • Sintáticas: anástrofe, hipérbato, polissíndeto, interrogação retórica

Todos estes recursos visam os três objetivos fundamentais da oratória barroca: docere (ensinar), delectare (agradar) e movere (persuadir).

Sermão de Santo António
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Estrutura e Síntese do Sermão

O Sermão de Santo António aos Peixes apresenta uma estrutura rigorosamente organizada, típica da retórica barroca:

Estrutura Interna

Exórdio (Capítulo I)

  • Apresentação do tema a partir do conceito predicável "Vós sois o sal da terra"
  • Panegírico a Santo António como modelo de pregador
  • Invocação à Virgem Maria

Exposição/Confirmação (Capítulos II a V)

  • Capítulo II: Louvores aos peixes em geral - suas qualidades naturais e comportamentais
  • Capítulo III: Louvores particulares - peixe de Tobias, rémora, torpedo e quatro-olhos
  • Capítulo IV: Repreensões gerais - ictiofagia, ignorância, cegueira e vaidade
  • Capítulo V: Repreensões particulares - roncadores, pegadores, voadores e polvo

Peroração (Capítulo VI)

  • Síntese dos argumentos apresentados
  • Apelo final aos ouvintes
  • Louvor a Deus

💡 Esta estrutura corresponde perfeitamente ao esquema clássico do texto argumentativo: introdução (apresentação da tese), desenvolvimento (argumentos) e conclusão (síntese e reafirmação da tese).

O sermão como alegoria funciona em múltiplos níveis:

  • Os peixes representam os homens
  • As virtudes dos peixes contrastam com os vícios humanos
  • Os vícios dos peixes espelham diretamente os vícios da sociedade colonial
  • Santo António surge como contraponto exemplar a todos os vícios apresentados

A genialidade de Vieira está em construir uma crítica devastadora à sociedade colonial portuguesa no Maranhão através de uma aparentemente simples pregação sobre peixes. Cada exemplo, cada comparação e cada contraste serve ao propósito maior de denunciar a exploração, a hipocrisia e a injustiça praticadas contra os povos indígenas.

O sermão permanece como exemplo máximo da retórica portuguesa e documento histórico que revela as tensões sociais e morais do Brasil colonial do século XVII.

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