Repreensões Gerais aos Peixes
Após os louvores, Vieira passa às repreensões, começando pelas falhas gerais dos peixes:
A Ictiofagia
A primeira crítica é contra a ictiofagia - o fato de os peixes se comerem uns aos outros: "A primeira cousa que me desedifica, peixes, de vós, é que vos comeis uns aos outros".
Com habilidade retórica, Vieira passa da ictiofagia à antropofagia social: "Muito mais se comem os Brancos!" Aqui, refere-se aos portugueses enviados para o Brasil que, em vez de governar e desenvolver o Estado:
- "Fartaram/fartavam a fome" que traziam de Portugal
- "Comiam e devoravam" os naturais do Brasil
Quando retornavam a Portugal, eram por sua vez "devorados" por outros portugueses mais poderosos. Vieira adverte: "Guarde-se o peixe que persegue o mais fraco para o comer, não se ache na boca do mais forte, que o engula a ele."
Como remédio contra esta cadeia de exploração, o pregador aconselha o zelo pelo bem comum - deixarem de se devorar mutuamente.
Cegueira e Vaidade
A segunda repreensão dirige-se à ignorância e cegueira dos peixes que se deixam atrair por um simples retalho de pano no anzol:
"Embuisteados por um retalho de pano, os peixes morrem e os homens matam-se."
Esta é uma crítica direta aos colonos que se endividavam para comprar tecidos de baixa qualidade vindos de Portugal a preços exorbitantes, dominados pela vaidade.
Em sua crítica, Vieira condena:
- A prepotência dos poderosos
- A ambição desmedida
- A vaidade superficial
- A hipocrisia e traição dos homens