Repreensões e Conclusão
Nos Capítulos IV e V, Vieira apresenta suas repreensões aos peixes, que funcionam como críticas diretas aos comportamentos humanos:
A primeira repreensão geral critica a ictiofagia peixescomerem−seunsaosoutros, que representa a antropofagia social - os poderosos que exploram os fracos. Vieira destaca três agravantes: os grandes comem os pequenos (quando um grande poderia alimentar muitos pequenos), comem-se vivos e o fazem "naturalmente". Esta é uma poderosa crítica à exploração social.
A segunda repreensão geral aponta para a ignorância e cegueira dos peixes que se iludem com o anzol, assim como os homens se deixam enganar por futilidades.
Nas repreensões particulares, Vieira critica:
- Os Roncadores: pequenos mas com muita língua, simbolizando o orgulho e a arrogância
- Os Pegadores: representam o parasitismo e oportunismo daqueles que se aproveitam dos poderosos
- Os Voadores: simbolizam a ambição desmedida de quem não se contenta com seu lugar
- O Polvo: representa a traição, hipocrisia e dissimulação, comparado a Judas, mas ainda pior
No Capítulo VI (peroração), Vieira conclui lamentando que os homens "não chegam ao sacrifício" porque já estão "mortos de espírito", diferente dos peixes que simplesmente não são escolhidos para sacrifícios.
💡 Todo o sermão é uma obra-prima de argumentação que utiliza a natureza como espelho para a sociedade. Através desta estrutura alegórica, Vieira consegue fazer críticas sociais profundas sem atacar diretamente seus ouvintes, uma estratégia retórica extremamente eficaz.