Mais Repreensões e Críticas
Os pegadores são peixes que vivem agarrados aos maiores, representando as pessoas que dependem excessivamente dos poderosos como vice-reis e governantes. Vieira critica esta falta de autonomia, comparando-a ao pecado original de Adão e Eva – pagamos pelos erros alheios. Em contraste, apresenta Santo António como exemplo virtuoso por ligar-se a Cristo, tornando-se imortal.
Os voadores simbolizam a ambição desmedida – peixes que tentam ser aves mas fracassam, morrendo em ambos elementos. Representam pessoas que se julgam superiores e desejam mais do que lhes é permitido. Vieira cita exemplos como Simão Mago (que fingiu ser filho de Deus) e Ícaro (que voou alto demais), mostrando que ambição sem limites leva à queda.
O polvo é talvez a crítica mais mordaz, representando a hipocrisia e traição. Este animal disfarça-se e ataca pelas costas, simbolizando traidores que se escondem sob aparência inocente, como Judas. Vieira expressa indignação ao constatar que mesmo no mar puro existem seres tão hipócritas quanto os homens.
Na Peroração (conclusão), Vieira faz um apelo emocional poderoso: os peixes mortos não são aceitos em sacrifício, assim como os homens que vivem em pecado. Seu desejo final é que os homens imitem as virtudes dos peixes – pureza, obediência e vigilância espiritual.