Mais louvores aos peixes particulares
Continuando no Capítulo III, Vieira apresenta mais peixes exemplares, sempre estabelecendo analogias com Santo António.
A rêmora, apesar do seu pequeno tamanho, possui a força extraordinária de impedir uma nau de seguir seu caminho, fixando-se às embarcações graças à sua cabeça que funciona como ventosa. Vieira compara a língua de Santo António a esta rêmora, capaz de deter os pecadores em seus caminhos errados "pegada ao leme da nau" e "agarrada ao freio de cavalo", impedindo os soberbos, os vingativos, os cobiçosos e os sensuais de prosseguirem no mal.
O torpedo (ou tremelga) produz descargas elétricas que fazem tremer o braço do pescador, forçando-o a largar a cana. Vieira compara as palavras de Santo António a estas descargas, capazes de converter pecadores e fazê-los devolver o que não lhes pertencia. No entanto, assim como há pescadores insensíveis às descargas do torpedo, há homens que permanecem indiferentes às palavras do santo.
O quatro-olhos, com dois pares de olhos para se defender dos inimigos do ar e do mar, é o único peixe para o qual Vieira não estabelece analogia com Santo António, mantendo-o como exemplo puro de adaptação à sobrevivência.
⚡ Vieira mostra que as palavras, como as descargas do torpedo, podem chocar e transformar - mas apenas aqueles que estão dispostos a senti-las!