Os Maias (Continuação)
Carlos da Maia é o protagonista - filho de Pedro, criado pelo avô Afonso segundo os princípios da educação inglesa. Fisicamente atraente, com olhos negros, pele clara, ombros largos e cabelo escuro ondulado, Carlos forma-se em medicina em Coimbra e viaja pela Europa antes de regressar a Lisboa. Instala-se no Ramalhete (a casa familiar) e abre um consultório, mas nunca se dedica verdadeiramente à profissão.
Maria Eduarda surge como uma figura feminina excecional - bela, requintada, delicada nos sentimentos. Carlos apaixona-se perdidamente por ela sem saber que, na verdade, é sua irmã (a filha que Maria Monforte levou quando abandonou Pedro). Esta relação incestuosa involuntária está no centro do drama familiar dos Maias.
João da Ega é o grande amigo e confidente de Carlos - excêntrico, cínico e crítico da sociedade, mas também romântico e sentimental. Mantém uma relação adúltera com Raquel Cohen, esposa do banqueiro Cohen, ilustrando os vícios da sociedade lisboeta que ele próprio critica.
Dois episódios são particularmente representativos da obra:
O Jantar no Hotel Central (capítulo VI) funciona como apresentação da elite lisboeta. É neste episódio que Carlos vê Maria Eduarda pela primeira vez. O jantar, organizado por Ega em honra do banqueiro Cohen, degenera numa discussão entre Ega (defensor do Naturalismo) e Alencar (poeta ultrarromântico), revelando a superficialidade da crítica literária em Portugal.
🧠 Compreende a crítica social: Através destes personagens e situações, Eça revela os vícios da sociedade portuguesa: a falta de ética, o adultério normalizado, a ociosidade das classes altas e o atraso cultural do país em comparação com a Europa.