Maria e Telmo - Figuras Essenciais do Drama
Maria personifica a mulher-anjo romântica – frágil fisicamente mas forte espiritualmente. Apesar da tuberculose que a debilita, revela-se uma verdadeira patriota ao revoltar-se contra a tirania dos governantes espanhóis: «Fechamos-lhes as portas. Metemos a nossa gente dentro... e defendemo-nos. Pois não é uma tirania?»
A jovem admira profundamente o pai, aplaudindo seu patriotismo: «O meu nobre pai! Oh, o meu querido pai! Sim, sim, mostrai-lhes quem sois e o que vale um português dos verdadeiros.» Este entusiasmo nacionalista reflete o próprio espírito romântico da época de Garrett.
Telmo Pais, o escudeiro fiel, assume um papel fundamental na construção da tensão dramática. Como antigo aio de D. João de Portugal, agora cuidando de Maria, representa a ligação entre o passado e o presente. Respeitado por D. Madalena, que o vê como uma figura paternal, Telmo é descrito como homem culto e sábio.
Fervoroso sebastianista, Telmo reprova subtilmente o segundo casamento de D. Madalena: «Manuel de Sousa... é guapo cavalheiro, honrado fidalgo, bom português... mas - mas não é, nunca há de ser, aquele espelho de cavalaria e gentileza.» Esta atitude intensifica os receios e remorsos de D. Madalena, funcionando como uma espécie de coro da tragédia grega.
Importante: Telmo é responsável por alimentar as crenças sebastianistas de Maria, algo que D. Madalena vê com preocupação, temendo as consequências deste imaginário para a filha.