Processos Fonológicos na Evolução da Língua
A língua portuguesa formou-se através de vários processos fonológicos que transformaram o latim na nossa língua atual. Estes processos ajudam a explicar por que certas palavras em Os Lusíadas têm formas diferentes das atuais.
Os processos por inserção de segmentos incluem a prótese (adição no início da palavra, como em "speculu > espelho"), a epêntese (adição no meio, como em "humile > humilde") e a paragoge (adição no final, como em "ante > antes").
Já os processos por supressão incluem a aférese (supressão no início, como em "atonitu > tonto"), a síncope (no meio, como em "generu > genro") e a apócope (no final, como em "crudele > cruel"). Também ocorre a haplologia, quando se suprime uma sílaba similar, como em "bondade + oso > bondoso".
Os processos por alteração de segmentos são mais variados. A assimilação ocorre quando um som se torna igual a outro vizinho (como em "nostru > nosso"). Na dissimilação, um som diferencia-se de outro semelhante ("liliu > lírio"). Outros exemplos incluem a nasalização ("manu > mão"), a vocalização ("octo > oito"), a consonantização ("Iesus > Jesus"), a ditongação ("arena > areia") e a crase (fusão de duas vogais, como em "leer > ler").
Temos ainda a sonorização consoantesurdatorna−sesonora,comoem"secretu>segredo", a palatalização (transformação em consoante palatal, como em "pluvia > chuva") e a metátese (permuta de sons, como em "semper > sempre").
💡 Estes processos fonológicos explicam a evolução do latim para o português e ajudam a entender algumas formas linguísticas presentes n'Os Lusíadas que podem parecer estranhas ao leitor contemporâneo.