Os Maias - Eça de Queirós
"Os Maias", publicado em 1888, é considerada a obra-prima de Eça de Queirós. Inscrita no movimento realista, a narrativa apresenta uma crítica profunda à sociedade portuguesa do final do século XIX, retratando os vícios e limitações da aristocracia e da burguesia decadentes.
A história centra-se em três gerações da família Maia, focando principalmente em Carlos da Maia, médico culto e moderno, mas inconstante, que representa o fracasso da elite intelectual portuguesa. Seu avô, Afonso da Maia, simboliza o racionalismo e os ideais progressistas, enquanto seu pai, Pedro da Maia, representa o romantismo exacerbado. Carlos apaixona-se por Maria Eduarda, descobrindo mais tarde tratar-se da sua própria irmã – um amor incestuoso que simboliza a falência moral e social de Portugal.
A estrutura do romance é circular, começando e terminando com um passeio no Ramalhete (casa da família em Lisboa), sugerindo um ciclo de estagnação. A obra contém longas descrições realistas e digressões sociais que mostram a decadência da sociedade portuguesa e o fracasso dos seus projetos de renovação cultural e política.
Entre os personagens secundários destacam-se João da Ega (amigo de Carlos, escritor e crítico social) e Dâmaso Salcede representantedonovo−ricofuˊtilesemcultura. Certos episódios, como o jantar no Hotel Central, as corridas de cavalos, o jantar em casa dos Gouvarinho e o sarau no Teatro da Trindade, funcionam como críticas a diversos aspetos da sociedade lisboeta.
Observação importante: O incesto entre Carlos e Maria Eduarda não é apenas um drama familiar, mas representa metaforicamente o isolamento e a estagnação de Portugal, um país que "se consome em si mesmo".