Maria: Entre a Intuição e o Pressentimento
No segundo ato, Maria revela cada vez mais a sua sensibilidade romântica, manifestando pressentimentos sobre a tragédia iminente:
"E eu agora é que faço de forte e assisada, que zombo de agouros e de sinas... para a animar, coitada!... que aqui entre nós, Telmo, nunca tive tanta fé neles. Creio, oh, se creio! que são avisos que Deus nos manda para nos preparar."
A jovem demonstra uma curiosidade perspicaz que a leva a questionar sobre o retrato de D. João de Portugal, intuindo de alguma forma a sua importância para o destino da família. Sua natureza indagadora revela-se quando confronta Telmo:
"Tu não dizes a verdade, Telmo."
"Mas não diz a verdade toda o senhor Telmo Pais, que é quase o mesmo."
Maria partilha com Telmo a crença sebastianista, manifestando admiração pelo rei D. Sebastião, cujo retrato observa com atenção. Ela recusa-se a acreditar na morte do rei:
"Não pode ser, não pode ser. Deus não podia consentir em tal."
A jovem também demonstra apreço por Camões, vendo-o como um poeta-profeta, capaz de ler "nos mistérios de Deus". Este visionarismo de Maria culmina quando, sem saber, identifica corretamente o retrato de D. João de Portugal, revelando sua capacidade quase sobrenatural de perceção.