A Perceção Sensorial de Caeiro
No poema II, Caeiro declara: "Creio no mundo como num malmequer, porque o vejo. Mas não penso nele..." Esta afirmação resume sua filosofia - acreditar apenas no que é visível e tangível. Para Caeiro, os sentidos são o único meio válido para conhecer a realidade, rejeitando qualquer interpretação abstrata.
Caeiro procura manter um olhar de espanto contínuo, semelhante ao de uma criança que descobre o mundo. "Sinto-me nascido a cada momento para a complexa novidade do mundo" - esta é a essência da sua abordagem à existência. Cada instante é uma nova oportunidade para experimentar o mundo sem filtros intelectuais.
No poema IX ("Sou um guardador de rebanhos"), Caeiro clarifica sua filosofia: "O rebanho é os meus pensamentos e os meus pensamentos são todos sensações." Para ele, pensar com os olhos, ouvidos, mãos, pés, nariz e boca é a verdadeira forma de conhecimento. Esta união com a realidade física traz-lhe felicidade: "Sinto todo o meu corpo deitado na realidade, sei a verdade e sou feliz."
Atenção! A felicidade para Caeiro só é possível através da comunhão com a Natureza e da rejeição do pensamento racional. Este é um conceito fundamental para compreender toda a sua poesia.