Estrutura e Reflexões d'Os Lusíadas
Os Lusíadas apresenta uma estrutura externa composta por 10 cantos em oitavas de versos decassilábicos, com esquema rimático abababcc (combinando rimas cruzadas e emparelhadas). Já a estrutura interna inclui proposição, invocação, dedicatória e narração, que se desenvolve em vários planos viagem, mitologia, História de Portugal e reflexões do poeta.
A matéria épica exalta os acontecimentos e heróis da viagem à Índia e da História portuguesa. O herói é mitificado através da superação de obstáculos, elevando-o a um patamar de excelência e garantindo sua imortalidade. O tom grandioso na descrição dos feitos heroicos caracteriza a sublimidade do canto.
As reflexões do poeta aparecem em vários cantos. No Canto I, Camões reflete sobre a fragilidade humana diante dos perigos do mar e da terra, chamando o homem de "bicho da terra tão pequeno", mas exaltando sua coragem. No Canto V, critica o desprezo pelas artes em Portugal, alertando que sem poetas, os feitos gloriosos seriam esquecidos.
💡 Camões defende a conciliação entre "armas e letras" - o ideal do herói que não apenas realiza feitos grandiosos, mas também aprecia e cultiva a cultura e o conhecimento.
Nos cantos finais, Camões lamenta a falta de reconhecimento de sua obra pelos portugueses (Canto VII), reflete sobre o poder corruptor do dinheiro (Canto VIII), explica o caminho para a imortalidade através da Ilha dos Amores (Canto IX) e expressa sua frustração com a decadência da pátria dominada pela cobiça (Canto X).