Antero de Quental e os Sonetos Completos
Nascido em 1842 nos Açores, Antero de Quental estudou Direito em Coimbra, onde se tornou líder intelectual da Geração de 70. Foi protagonista da Questão Coimbra, confronto que defendia a modernização literária contra os ultrarromânticos seguidores de Castilho.
A angústia existencial é o tema central dos seus sonetos. O poeta vive um conflito permanente entre o sentimento e a razão, entre a imaginação idealista e a crítica racional. Esta luta interior provoca um sofrimento constante que o poeta abraça com um estoicismo doloroso.
Os sonetos revelam uma incessante busca pelo ideal - um mundo perfeito, absoluto e eterno que se manifesta como beleza, bem, liberdade, sabedoria e amor absoluto. Antero usa a metáfora do "Palácio da Ventura" para representar esta perfeição inatingível, rejeitando até mesmo as religiões como solução.
💡 A complexidade filosófica de Antero influenciou profundamente a literatura portuguesa, tornando-o um dos pensadores mais importantes do seu tempo, apesar do trágico desfecho da sua vida com o suicídio em 1891.
Quanto à forma, os sonetos seguem a estrutura clássica (duas quadras e dois tercetos) e utilizam uma linguagem erudita para traduzir reflexões filosóficas. Recursos como apóstrofes, metáforas e personificações ajudam a concretizar ideias abstratas, criando uma ponte entre o real e o ideal, o humano e o metafísico.