Heterónimos de Fernando Pessoa
Fernando Pessoa criou três principais heterónimos, cada um com biografia, estilo e filosofia próprios. Estes "poetas" não são simples pseudónimos, mas personalidades completas que representam diferentes visões do mundo.
Alberto Caeiro, o mestre dos outros heterónimos, surgiu "por pura e inesperada inspiração". Nascido em Lisboa (1889), tinha olhos azuis, era loiro e frágil, com apenas instrução primária. Vivia no campo com uma tia-avó e escrevia mal português. Sua poesia valoriza as sensações diretas (principalmente visuais), os passeios pelo campo e a comunhão com a Natureza, apresentando um misticismo naturalista e panteísta.
Ricardo Reis foi criado por "deliberação abstrata". Nascido no Porto (1887), era baixo, forte e moreno mate. Recebeu educação jesuíta com formação latinista, tornou-se médico e exilou-se no Brasil por ser monárquico. Sua poesia explora a efemeridade da vida, a aceitação serena do destino e a busca de equilíbrio interior através de um prazer moderado. Seu estilo é clássico, correto e purista.
Álvaro de Campos surgiu de "um súbito impulso para escrever". Natural de Tavira (1890), era alto, magro, ligeiramente curvado e usava monóculo. Formou-se em engenharia naval em Glasgow. Sua poesia atravessa duas fases distintas: inicialmente exalta a modernidade e o triunfo da máquina; depois mergulha no pessimismo, na apatia e na nostalgia da infância.
💡 Curiosidade: Embora sejam criações ficcionais, Pessoa elaborou detalhes minuciosos sobre cada heterónimo, incluindo mapas astrais, caligrafia própria e até mesmo interações entre eles, criando um universo literário paralelo fascinante!