A Questão da Heteronímia e os Poetas de Pessoa
Fernando Pessoa reconheceu múltiplas identidades dentro de si mesmo, criando três heterónimos principais com biografias, estilos e visões de mundo completamente distintos. Esta explicação surge numa carta a Adolfo Casais Monteiro (1935), onde apresenta Alberto Caeiro, Ricardo Reis e Álvaro de Campos como personagens com vida própria.
Alberto Caeiro, o poeta bucólico, vive profundamente ligado à Natureza. Defende a sensação pura sem interferência do pensamento, usando um estilo simples e versos livres. Em "O Guardador de Rebanhos", podemos ver como valoriza a experiência direta e rejeita a complicação intelectual.
Ricardo Reis, o poeta clássico, inspira-se na cultura greco-latina. Adota valores estoicos e epicuristas como a serenidade, o equilíbrio e a aceitação da morte. O seu estilo é formal e métrico, com vocabulário clássico e refinado, como vemos em "Segue o teu destino".
Álvaro de Campos, o poeta da modernidade, passa por diferentes fases. Na 2ª fase, mostra entusiasmo futurista e exaltação das máquinas e do progresso, enquanto na 3ª fase expressa tédio, angústia existencial e saudade da infância.
💡 Pensa nos heterónimos como atores diferentes interpretando papéis num teatro: cada um usa uma linguagem própria para expressar uma visão única do mundo!