Heterónimos de Fernando Pessoa
Os heterónimos representam diferentes personalidades criadas por Pessoa, cada uma com estilo e filosofia próprios. Alberto Caeiro, o "Mestre", nasceu em Lisboa mas viveu quase sempre no campo. Louro e de olhos azuis, caracteriza-se pelo vocabulário da natureza e simplicidade. A sua poesia revela fascínio pelos elementos naturais, rejeição do pensamento e preferência pelas sensações diretas. Utiliza verso livre e estrofes irregulares, predominando o presente do indicativo.
Ricardo Reis, nascido no Porto e formado em medicina, era moreno e baixo. Como poeta clássico, defende o epicurismo e o estoicismo, aceitando o tempo e o destino com serenidade. A sua poesia apresenta linguagem culta, tom didático, referências mitológicas e regularidade estrófica e métrica, refletindo a sua consciência da efemeridade da vida.
Álvaro de Campos, nascido em Tavira e formado como engenheiro naval em Glasgow, é alto, magro e curvado. É o poeta da modernidade por excelência, praticando o sensacionismo ("sentir tudo de todas as formas"). A sua poesia inclui o elogio da civilização moderna e industrial, mas também uma profunda reflexão existencial sobre a passagem do tempo, a angústia e o tédio.
💡 O estilo de Álvaro de Campos é torrencial e intenso, com versos irregulares (ora longos, ora curtos) e repleto de recursos expressivos como metáforas, personificações e hipérboles. É o heterónimo que mais evidencia as contradições da alma moderna.