Álvaro de Campos: Personalidade e Fases
Álvaro de Campos é fisicamente descrito como alto (1,75m), magro e ligeiramente curvado, moreno claro, de cabelo liso, usando monóculo. É o heterónimo mais emocional, inquieto e contraditório de Pessoa, representando perfeitamente a fragmentação do eu moderno: "sente tudo, quer tudo, é tudo... e por isso, não é nada".
A sua personalidade poética oscila entre a euforia e o desespero, entre a exaltação e o cansaço existencial. Tem plena consciência da sua inadaptação ao mundo, o que gera uma profunda frustração e dor de viver.
A poesia de Campos desenvolveu-se em três fases distintas. Na fase decadentista inicial, representada por poemas como "Opiário", sofre influências simbolistas e decadentistas. Expressa tédio, cansaço e busca evasão através de drogas, viagens e novas sensações.
Na fase futurista/sensacionista, com poemas marcantes como "Ode Triunfal" e "Ode Marítima", é influenciado pelo futurismo italiano. Exalta o progresso, a tecnologia, a velocidade, as fábricas e as cidades. A sua poesia torna-se energética, cheia de dinamismo, ruído e sensualidade violenta, seguindo o lema: "Sentir tudo de todas as maneiras".
Por fim, na fase intimista ou abúlica, em poemas como "Lisbon Revisited" e "Aniversário", entra num estado de introspeção e dor existencial. Sente-se fragmentado, desajustado e abatido, desiludido com o mundo e recuando para a infância como símbolo de paz perdida.