A Criança Perdida: Busca da Identidade
"A criança que fui chora na estrada" é um dos poemas mais profundos de Pessoa sobre a crise de identidade. O sujeito poético sente-se perdido no presente — "Mas hoje, vendo que o que sou é nada, quero ir buscar quem fui onde ficou" — e busca desesperadamente reencontrar a criança que deixou para trás.
A estrada simboliza o percurso da vida, e a criança representa a autenticidade e espontaneidade perdidas. O adulto, consciente do seu vazio existencial, deseja recuperar essa essência, mas descobre que o regresso é impossível: "Quem errou a vinda tem a regressão errada".
O poema termina com um vislumbre de esperança: talvez, de um ponto elevado, o poeta possa contemplar seu passado e, através dessa visão distante, recuperar "um pouco de quando era assim". A memória torna-se, então, não apenas fonte de dor, mas também de possível redenção.
Nota importante: Este poema mostra que o autoconhecimento é uma jornada complexa — conhecer-se não é apenas saber quem somos hoje, mas também compreender como chegamos aqui e o que perdemos pelo caminho. Às vezes, para avançar, precisamos olhar para trás.