Cantigas de Amor
Nas cantigas de amor, a voz poética muda completamente - agora é masculina, o trovador que se expressa. Estas composições seguem uma estrutura bem diferente das cantigas de amigo!
O elogio cortês é central: a dama é idealizada e exaltada pela sua beleza e elevação moral. O sujeito poético dirige-se a ela como "senhor", termo que revela a relação de respeito e subordinação. Consegues imaginar como esta convenção revela os valores da sociedade medieval?
A vassalagem amorosa estabelece uma relação semelhante ao feudalismo: o poeta coloca-se em posição de fidelidade e submissão total à dama. Este amor cortês segue regras rígidas, onde o amante, sempre fiel, sabe que provavelmente nunca verá o seu amor consumado. A "mesura" caracteriza-se pelo sigilo, discrição e contenção dos sentimentos.
A coita de amor (sofrimento amoroso) surge da não correspondência e indiferença da dama. O sujeito poético lamenta-se amargamente e suplica, afirmando frequentemente que este amor não correspondido o levará à loucura ou morte. Estas cantigas usam língua formal, com orações subordinadas, hipérboles e palavras de origem provençal.
Observação: Compare como o poder muda entre cantigas de amigo e amor - nas primeiras, a mulher tem voz; nas segundas, ela é idealizada mas silenciada, refletindo a complexidade das relações de género medievais.