Personagens e Suas Críticas Sociais
Os pecados de cada personagem revelam as falhas da sociedade! Cada figura que chega ao cais traz consigo os vícios de sua classe social.
O Sapateiro representa os trabalhadores desonestos. Apesar de alegar práticas religiosas (missas, donativos à Igreja), continua com suas trapaças no ofício. Seu avental e formas de sapato simbolizam sua profissão e os roubos que cometeu, levando-o ao Inferno.
O Frade chega dançando com uma moça, comportamento impróprio para um religioso. Gil Vicente critica duramente a hipocrisia do clero através desta personagem que quebra o voto de castidade e vive uma vida de prazeres mundanos, sendo condenado ao Inferno.
A Alcoviteira (Brízida Vaz) é a personagem que encaminhava mulheres para a prostituição. Com linguagem sedutora, tenta enganar até o Anjo! Os vários objetos que carrega (hímenes postiços, arcas de feitiços) simbolizam sua atividade criminosa.
Curioso: A Alcoviteira é tão convincente em sua fala que quase nos faz esquecer o mal que causou. Esta é uma estratégia de Gil Vicente para mostrar como o mal pode se apresentar de forma persuasiva!
O Judeu chega com um bode, símbolo de seu apego à religião judaica. Esta cena reflete a discriminação religiosa da época, embora o autor critique não o judaísmo em si, mas o fanatismo e a sobrevalorização do dinheiro.
O Corregedor e o Procurador aparecem juntos, representando a justiça corrupta. Convencidos de seu status social, são surpreendidos ao serem condenados ao Inferno por sua parcialidade e práticas fraudulentas.
Os Quatro Cavaleiros, diferentemente das outras personagens, vão direto para o Céu. Eles representam aqueles que morreram lutando pela fé cristã, sendo valorizados por seu desprendimento material e defesa da religião.