Antero de Quental: Vida e Sonetos Completos
Nascido em Ponta Delgada em 1842, Antero de Quental estudou Direito em Coimbra, onde se destacou como líder intelectual da Geração de 70. Este movimento tentava modernizar a literatura portuguesa, rompendo com os ultrarromânticos seguidores de Castilho através da famosa Questão Coimbra.
Ao longo da sua vida, Antero envolveu-se em várias iniciativas culturais e políticas, fundando o Cenáculo com Eça de Queirós e o jornal A República com Oliveira Martins. Os "Sonetos Completos", sua obra-prima publicada em 1886, foram prefaciados pelo amigo Oliveira Martins e representam o auge da sua expressão poética. Infelizmente, o poeta acabou por suicidar-se em 1891, na sua terra natal.
Os sonetos de Antero são marcados por uma profunda angústia existencial, revelada na busca incansável por um ideal perfeito que nunca consegue alcançar. Este conflito entre sentimento e razão, entre idealismo e crítica racional, cria um sofrimento constante que o poeta abraça com um certo estoicismo doloroso.
Dica de leitura: Quando estudares os sonetos de Antero, procura identificar o contraste entre as suas aspirações idealistas e a sua consciência crítica - é nesta tensão que reside a genialidade da sua poesia!
As configurações do ideal aparecem nos sonetos através de metáforas como o "Palácio da Ventura", representando um mundo perfeito, absoluto e eterno. Para Antero, este ideal pode manifestar-se como beleza, bem, liberdade, sabedoria ou amor absoluto, mas permanece sempre inalcançável, nem mesmo através das religiões tradicionais.