O Procurador e o Enforcado
O Procurador
O Procurador aparece carregando livros, que representam sua profissão e, simultaneamente, o peso dos seus pecados. Junto com o Corregedor, forma um par que simboliza a justiça corrupta da época.
Durante seu diálogo com o Corregedor, o Procurador:
- Admite ser "malicioso", embora não tivesse percebido que suas ações eram "extremas"
- Descobre que o Corregedor escondeu seus roubos durante a confissão
Ambos utilizam expressões em latim para demonstrar erudição e realçar sua presunção. Por troça e com ironia, o Diabo também utiliza um "latim macarrónico" com eles, e o Parvo faz o mesmo quando estão diante da barca da Glória.
O Anjo descreve os processos judiciais e os livros de ambos como "papel corrompido", aludindo ao fato de terem prejudicado os mais desfavorecidos com suas decisões parciais.
O Enforcado
O Enforcado representa os criminosos do povo, trazendo como elemento cénico uma corda ao pescoço (baraço), símbolo da forma como morreu. Ele surge em cena logo após os oficiais de justiça, já que foi vítima da justiça terrena que eles representam.
É descrito como um homem:
- Ingénuo e confiante
- Influenciável e crédulo
- Simples
Ele está convencido de que não irá para o inferno, pois foi enganado por Garcia Moniz, um funcionário do Tesouro, que o convenceu de que:
- Sua prisão já funcionou como purgatório
- Seus crimes foram "purificados" pelo sofrimento na prisão
- Tornou-se um "canonizado" por suas experiências
O Diabo demonstra-lhe que, mesmo influenciado, ele escolheu seu percurso criminoso e deve pagar por suas escolhas. Desanimado, o Enforcado embarca na barca do Inferno sem sequer tentar a barca da Glória.