O País Rural e Senhorial
No Portugal medieval, predominava uma forte tradição rural organizada em senhorios, especialmente no norte do país. Estes senhorios eram propriedades fundiárias de grande extensão onde uma entidade eclesiástica ou nobre exercia poder sobre a terra e os homens.
Os senhorios tinham diferentes origens:
- Honras ou terras honradas: recompensas à nobreza pela ajuda nas guerras contra os mouros
- Coutos ou terras coutadas: predominantes a sul do Mondego, eram senhorios atribuídos por carta de couto, principalmente a ordens religiosas-militares
O poder senhorial incluía importantes imunidades: isenção de encargos devidos à Coroa, direito ao exercício do poder senhorial (comando, punição e coação) e proibição da entrada de funcionários régios no território.
A exploração económica baseava-se na agricultura, dividida entre:
- Quintas ou paços: exploradas diretamente pelo senhor com trabalho escravo e serviços obrigatórios (jeiras)
- Casais ou vilares: parcelas arrendadas a colonos mediante contratos
As comunidades rurais apresentavam diferentes níveis de dependência, desde herdadores (pequenos proprietários livres) até escravos, passando por colonos, servos e assalariados.
Importante! A relação feudovassálica constituía a base social, estabelecendo laços de proteção e obediência entre suserano e vassalo, fundamentando todo o sistema feudal.