Fatores Humanos na Agricultura Portuguesa
A influência histórico-cultural condicionou fortemente a ocupação e organização do solo em Portugal, refletindo-se na estrutura fundiária das diferentes regiões. No Norte, as propriedades são mais fragmentadas, irregulares e de pequena dimensão, devido à fertilidade dos solos, clima ameno e húmido, e relevo acidentado. Esta elevada fragmentação também se justifica pela maior disputa da terra, resultado da elevada densidade populacional, maiores taxas de natalidade (com partilha igualitária das terras por herança) e parcelamento histórico das terras pelo clero e nobreza durante a Reconquista.
No Sul, predominam campos abertos e regulares de maior dimensão. Com solos menos férteis, clima quente e seco, e relevo pouco acidentado de extensas planícies, houve menor disputa pela posse da terra devido à baixa densidade populacional, menores taxas de natalidade, forma mais organizada da Reconquista e aquisição de terras do clero pela burguesia.
O objetivo da produção também determina características agrícolas distintas. A agricultura de autoconsumo é geralmente familiar, de pequena dimensão, fechada, com forma irregular, pouco mecanizada e utilizando técnicas tradicionais. Já a agricultura orientada para o mercado apresenta maior dimensão, campos abertos de forma regular, maior especialização produtiva e utilização de mecanização moderna e sistemas de rega avançados.
🧑🌾 Nota histórica: A reforma agrária após o 25 de Abril tentou alterar a distribuição da terra no Alentejo, mas muitas das grandes propriedades voltaram aos antigos donos anos depois, mantendo o padrão histórico de distribuição fundiária no país.