Crítica ao Utilitarismo e os Princípios de Justiça
Os bens sociais primários são distribuídos de formas distintas: direitos, liberdades, oportunidades e poderes são distribuídos igualmente, enquanto rendimento, riqueza e as bases sociais do respeito próprio podem ser distribuídos desigualmente sob certas condições.
Rawls critica fortemente o utilitarismo por permitir sacrificar os direitos individuais em nome da felicidade da maioria. Para ele, isto viola a ideia de que todos os indivíduos são moralmente livres e iguais. O utilitarismo trata a sociedade como se fosse uma única pessoa, ignorando a importância dos projetos pessoais e da forma como o bem-estar está distribuído.
Seguindo a influência kantiana, Rawls defende que os indivíduos devem ser tratados como fins em si mesmos, e seus direitos fundamentais não podem ser sacrificados pelo cálculo de interesses sociais. A justiça deve ser o valor orientador da sociedade, não a busca da felicidade.
A partir desse raciocínio, Rawls formula seus princípios de justiça. O primeiro é o Princípio da Liberdade Igual: todos devem ter garantido um conjunto máximo de liberdades e direitos básicos (expressão, reunião, propriedade privada) compatível com iguais liberdades para os outros. Este princípio é prioritário sobre todos os outros.
Nota importante: Para Rawls, nem mesmo o aumento do bem-estar geral justifica a restrição das liberdades básicas - isto diferencia radicalmente sua teoria do utilitarismo!