O Argumento do Sonho
O argumento do sonho vai além do argumento dos enganos sensoriais, pois questiona globalmente a fiabilidade dos sentidos. Descartes observa que a vivacidade e a intensidade de certos sonhos podem convencer-nos de que estamos a ter experiências reais.
Quando sonhamos, acreditamos plenamente nas experiências que estamos a ter. Só percebemos que era um sonho depois de acordarmos. Isso levanta uma questão perturbadora: como podemos ter certeza de que não estamos sonhando agora mesmo?
Descartes argumenta que "vigília e sono nunca se podem distinguir por sinais seguros". Quando estamos a sonhar, podemos estar convencidos de coisas tão habituais como estar sentados numa cadeira, quando na verdade estamos deitados na cama a dormir.
💭 Pensa nisto: já tiveste algum sonho tão vívido que, ao acordar, ficaste momentaneamente confuso sobre o que era real? Esta é exatamente a dúvida que Descartes está a explorar!
Embora pareça uma loucura duvidar de coisas evidentes como ter mãos ou estar a ler este texto, o argumento do sonho mostra que não podemos ter certeza absoluta destas coisas. Se não podemos distinguir com certeza quando estamos a sonhar e quando estamos acordados, então as crenças baseadas na experiência sensorial (crenças a posteriori) não podem ser o fundamento seguro que Descartes procura.
A questão permanece: existirá algo de que possamos ter certeza absoluta, mesmo considerando a possibilidade de estarmos a sonhar? Descartes continuará sua busca por uma certeza indubitável que possa servir de fundamento para todo o conhecimento.