A Existência de Deus e a Recuperação das Certezas
Para superar o solipsismo, Descartes precisa provar a existência de Deus. Ele desenvolve dois argumentos principais:
O Argumento Ontológico (a priori) defende que Deus, sendo um ser perfeito, deve necessariamente existir, pois a existência está incluída na essência da perfeição. Se Deus não existisse, não seria perfeito.
O Argumento da Marca (a posteriori) sustenta que a ideia de um ser perfeito não poderia ter origem em nós, seres imperfeitos. Esta ideia inata de Deus seria uma "marca" deixada pelo Criador em nossas mentes.
Com a existência de Deus estabelecida, Descartes pode rejeitar a hipótese do génio maligno: um Deus perfeito não seria enganador, pois isso seria uma imperfeição. Logo, as nossas capacidades cognitivas, quando bem utilizadas, são confiáveis.
Isto permite a recuperação das crenças suspensas durante a dúvida metódica. Podemos confiar nas experiências sensíveis desde que a razão analise e confirme sua veracidade.
💭 Pensa bem: O movimento de Descartes é brilhante - ele usa a certeza sobre sua própria existência para provar a existência de Deus, e depois usa a existência de Deus para garantir a confiabilidade do conhecimento sobre o mundo!