Objeções ao fundacionalismo cartesiano
Apesar da sua elegância, o sistema cartesiano enfrenta objeções significativas. O argumento da marca é questionado por várias razões:
Primeiro, pressupõe que temos a ideia de um Ser Perfeito, mas muitos argumentam que, como seres finitos, não podemos realmente compreender a perfeição divina. Como podemos ter uma ideia clara do infinito sendo nós finitos?
Segundo, Descartes assume que duvidar é menos perfeito do que saber, mas podemos questionar esta premissa. Não seria a capacidade de duvidar uma qualidade positiva que nos permite buscar a verdade?
Terceiro, o princípio causal que fundamenta o argumento (a causa deve ter pelo menos tanta realidade quanto o efeito) é contestável. A ciência moderna mostra, por exemplo, que a vida pode evoluir de matéria não-viva.
💡 Imagina tentar descrever completamente o oceano estando dentro de um pequeno barco - é assim que alguns críticos veem a tentativa humana de compreender a perfeição divina.
A objeção mais poderosa, porém, é o chamado círculo cartesiano. Descartes parece raciocinar em círculo: Deus existe porque concebemos clara e distintamente a sua existência, e podemos confiar nessa clareza e distinção porque Deus existe e não é enganador. Esta circularidade viciosa (petição de princípio) ameaça todo o edifício do conhecimento cartesiano.
Esta crítica levanta uma questão fundamental: como podemos estabelecer um fundamento seguro para o conhecimento se qualquer ponto de partida parece exigir justificação prévia?