Critério de Verdade e Tipos de Ideias
Para Descartes, o critério de verdade é a clareza e distinção das ideias: só devemos aceitar como verdadeiro aquilo que concebemos de forma absolutamente clara e distinta, como o cogito. Ele classifica as ideias em três tipos:
As ideias adventícias vêm dos sentidos (como mesa, céu, calor) e não dependem da nossa vontade, mas parecem ser causadas por objetos externos. Descartes as considera confusas e enganadoras, não servindo de base para o conhecimento autêntico.
As ideias factícias são inventadas pela nossa imaginação a partir de outras ideias (como sereias e unicórnios). Também não são base segura para o conhecimento por serem ficções mentais e derivarem de ideias adventícias.
Já as ideias inatas parecem fazer parte da nossa natureza (como conceitos matemáticos e metafísicos). São claras e distintas, formando a base segura do conhecimento. A ideia de Deus é especialmente importante para Descartes.
Através do argumento da marca ou prova ontológica, Descartes afirma que o simples fato de termos a ideia de um ser perfeito prova sua existência. Afinal, se Deus fosse perfeito, não poderia faltar-lhe o atributo da existência, pois isso seria uma imperfeição.
🔍 Observe: O argumento ontológico tenta provar Deus apenas pela análise do conceito de perfeição, sem recorrer à experiência sensível. É um raciocínio puramente a priori.