A Dúvida Metódica de Descartes
A dúvida metódica é uma ferramenta essencial no pensamento cartesiano. Diferente do ceticismo comum, esta dúvida não é um fim em si mesma, mas um meio para alcançar a verdade. Descartes propõe rejeitar qualquer crença que contenha a mínima suspeita de incerteza, colocando tudo em causa na busca de princípios fundamentais e indubitáveis.
Esta dúvida tem características distintas: é metódica e provisória (ordenada e lógica, visando a certeza), hiperbólica (rejeitando como falso tudo que tenha qualquer incerteza) e universal e radical (questionando todo conhecimento e seus fundamentos).
Descartes justifica sua dúvida por razões concretas: os preconceitos formados na infância, a falibilidade dos sentidos, a impossibilidade de distinguir com certeza o sonho da vigília, a constatação de que mesmo matemáticos cometem erros em suas demonstrações.
💡 Momento reflexivo: Já parou para pensar se pode provar, com absoluta certeza, que não está sonhando agora mesmo enquanto lê este texto? Esta é uma das questões perturbadoras que Descartes nos convida a enfrentar!
Ao adotar temporariamente o ceticismo metódico, Descartes não busca permanecer na dúvida, mas usá-la como instrumento para eliminar o falso e encontrar um conhecimento verdadeiro e seguro, um ponto de partida inabalável.